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viernes, 14 de diciembre de 2012

Muestra de teatro coord. por Blas Arrese Igor

Miércoles 19 de diciembre 20 hs. y 22hs.

Av. 44 esq 2 Nº356


Escenas sobre la obra "Algo de ruido hace", de Romina Paula, con María Cecilia Corda, Diego Martín Aristi y Marcos Salerno.


lunes, 3 de diciembre de 2012

O poço do Alberto



Alberto, o irmão mais novo do Eliseu, caiu num poço quando tinha cinco anos. Foi uma tragédia. Todos os vizinhos procuraram cordas, correntes ou lençóis atados para regatá-lo. O cavalo do velho Hilário saltou com uma força sobrenatural e com muita vontade, vontade que não tinham visto nunca porque sempre parecia velho como o dono dele. Ninguém o lembrava de potro, todo mundo falava dele como um cavalo velho, igual o velho Hilário. Mas nada se pode fazer, Alberto ficou toda a eternidade no poço. Não se pode dar ao corpo um funeral cristão, esse fato angustiou a todos, principalmente a família do menino.
         O funeral dele foi feito com o caixão fechado. Na parte superior do ataúde havia uma foto do Alberto. Todo mundo chorou desconsolado porque era muito querido, porque haviam ficado com a impressão duma morte tão trágica e também porque eles pagavam a as choramingas. Todo o mundo chorou demais e acompanharam o féretro até o cemitério. Colocaram muitas flores sobre o ataúde que quais não se necessitam terra para cobiçá-lo.
         Eliseu desapareceu por uns meses. Num bom dia se apresentou na escola novamente. Aprovou nas provas atrasadas fazendo tudo por escrito, assistiu às aulas todos os dias desde esse momento, sem se ausentar vez nenhuma, nem por causa da chuva, nem por cada de alagamento de caminhos, nem por causa nenhuma. Não falava com ninguém, não falou uma palavra. A professora Beatriz conversou com os pais dele, com a diretora do estabelecimento, ela quis se comunicar infinitas vezes com ele, mas Eliseu permanecia calado. Muitos acreditavam que era por causa do trauma que lhe tinha causado a morte do irmão mais novo, outros interpretavam que queria chamar atenção, outros diziam que havia enlouquecido. Esta última versão foi a que mais prosperou quando apareceu num dia de dezembro com um papel na mão que leia sem parar: “este è um mundo como qualquer outro”.
         A professora Beatriz ficou assombrada com o que aconteceu com o Eliseu: voltou a falar depois de quais seis meses e a frase que repetia era misteriosa porque desconhecia de onde a tinha tirado, não sabem se ele mesmo a tinha escrito, se a tinha copiado de algum livro o se alguém tinha se o dito. Quando deixo de falar porque tinha a garganta seca, foi até o bebedouro para tomar um pouco de água fresca, a professora se aproximou e tentou pesquisar de onde ele tinha tirado essa frase. Eliseu respondeu que o irmão dele, Alberto, tinha lhe ensinado. A professora Beatriz perguntou se isso tinha acontecido antes de morrer, querendo encontrar algum sentido a toda essa situação que ficava perto do desencaixe. Eliseu negou com a cabeça. Então ela indagou em que momento tinha sido. Ele respondeu que o dia anterior.
         A professora estava espantada porque veia que o aluno estava numa loucura total. Ela sentiu muita pena porque pensava na família que tinha um pequeno filho morto em circunstâncias trágicas e outro que estava virando louco. Quis explicá-lo que o que dizia não podia ser. Tanto ênfase pôs na explicação que, pouco a pouco, a escola toda rodou ao Alberto no pátio e começou opinar sobre o assunto.
         Atônito, entristecido, querendo por fim à fofoca que se gerou, Eliseu deu um grito desgarrador que emudeceu em somente uns segundo todas as pessoas, desde a diretora até o último colega. Chamou todos até o poço onde tinha caído o Alberto. Eles formaram uma fila em silencio: o que nunca se tinha conseguido era que a população se organizasse fazer alguma coisa, nesse momento conseguiu. Essa longa fila atravessou todas as ruas até o poço que estava fechado com umas madeiras e galhos secos. Ninguém disse uma palavra nem deu um toque, mas os olhares se entrecruzavam e dialogavam no mais profundo silêncio.
         Chegaram. Havia um pequeno espaço por onde Eliseu se enfiou. Disse alguma coisa que ninguém entendeu. Não se ouviu nada. Voltou a insistir. Não se ouviu nada. Começaram as primeiras murmurações. Eliseu pediu silêncio. Voltou a meter a cabeça no poço, esta vez para adentro. A professora Beatriz o segurava pelas pernas. Gritou, gritou uma e outra vez. Ninguém respondeu. Alguns se burlavam, mas eram os poucos. Os demais comentavam com tristeza o que estava acontecendo. Eliseu se desesperou e a professora o puxou para fora. O pobre menino se sentou apoiando os cotovelos sobre as rodilhas e começou a chorar desconsolado. Passaram uns poucos minutos e se sentiu um barulho estremecido. Todos olharam. Vinha correndo o velho Hilário com o cavalo dele a uma velocidade que não se via nem nas melhores corridas de cavalos. Parou frente à perna do Eliseu e da professora. Faltava-lhe o ar, se via agitado e parecia que desmaiar em qualquer momento. Desceu com dificuldade e disse:
-         Alberto está no poço do meu sítio, diz que esse é um mundo como qualquer outro, como é o mundo de vocês… por isso não entende porque todos vieram se não há nada diferente para ver.